sábado, outubro 16, 2010

Dois meses depois

...e alguém me disse:
- O teu blog tem estado um bocado parado.
E foi nesse momento que me lembrei:
"Pois é, eu tenho um blog"

E hoje decido falar ao mundo:

Tema: a história das SCUTS (actualmente CCUTS - com custos)
vista por mim, obviamente.

Sei que o Post vai ser longo, mas estou indignado.

1º - Constrói-se desde Alfena até Matosinhos uma via rápida (IC24) para descongestionar as estradas regionais existentes e sem capacidade para escoamento do tráfego existente.

2º - Anuncia-se que um prolongamento dessa via, irá servir também uma série de concelhos do distrito do Porto, incluindo Paços de Ferreira.

3º - Constrói-se parte dessa via, entre Paços de Ferreira e Lousada.

4º - Diz o governo: "Em Portugal não há vias rápidas, só se fazem auto-estradas."

5º - Tranforma-se o IC 24 em auto-estrada sem custos de utilização (único acesso à A3 entre Santo Tirso e o Porto, ou seja única forma de entrar nessa estrada vindo de Paços de Ferreira)

6º - Transforma-se uma parte do que existe de IC25 em auto-estrada sem custos de utilização (melhor acesso existente entre Paços de Ferreira e Lousada)

7º - Constrói-se uma coisa parecida com uma auto-estrada aos "s" com limite de velocidade de 100km/h a unir esses dois pontos (para ter utilização gratuita, serve bem).

8º - Diz o governo: "Ok, existem auto-estradas sem portagens, isso não faz sentido."

9º - Definem-se critérios +- justos para introdução de portagens nas estradas com estas características, como por exemplo, existência de uma alternativa sem portagens cujo percurso demore até 130% do tempo que demora a percorrer pela scut.

10º - Chegam à conclusão que em lado nenhum se cumpria qualquer um dos critérios anunciados anteriormente, por isso escolhem-se as 3 scuts mais a norte do país para começarem a ser pagas.

11º - Reparam que como isto era suposto serem vias rápidas e não uma auto-estradas, não há espaço para praças de portagens, e os lanços entre cada nó da estrada, têm no máximo uns 5 km, o que também não dá grande margem para plantar portagens (como as antigas da A3 na Maia) em todos os lanços.

12º - Ora, alguém não gostou do ponto 10 (nomeadamente toda a população dos concelhos de Paços de Ferreira, Lousada, Felgueiras, Maia, Matosinhos, Porto, Viana do Castelo, Póvoa do Varzim, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia, Espinho, Aveiro, Valongo, Paredes entre muitos outros) e queixou-se que isto não era justo.

13º - Introduzem-se pórticos para pagamento electrónico em grande parte dos lanços das estradas escolhidas "aleatoriamente", ficando alguns lanços isentos de cobrança.

14º - Anuncia-se preços para cada lanço, dizendo que o preço base será de 8 cent/km para veículos da classe 1, quando existem lanços em que o preço por km é certa de 2,5 vezes esse valor (A41 - lanço com menos de 500 metros cobrado a 10 cent, outro com 1,8km, cobrado a 20 cent, outro com 5km cobrado a 55 cent).

15º - Arranja-se uma solução para pagamento que viola todas as leis de protecção de dados pessoais, um sistema de identificação electrónico, que obriga toda a gente a ter um dispositivo capaz de identificar o veículo e cobrar ao respectivo dono. Desta forma, obrigando todos os cidadãos que tenham um carro a ser clientes da Via-verde.

16º - Como essa solução não foi aprovada:
ok, quem quiser põe aquela bodega do identificador, e quem não quiser nós tiramos fotografia, cobramos mais um bocado e tens de ir pagar aos correios ou payshop, não nos vamos dar ao trabalho de te enviar uma conta mensal ou coisa que o valha, desenrasquem-se.
E já agora, se quiseres saber quanto devem os teus conhecidos todos, chegas a esses pontos, dizes a matricula do carro deles e quando te disserem o preço dizes que te enganaste.
PERGUNTO - não viola nenhuma lei de protecção de dados assim?
PERGUNTO - Isso de o governo dizer, "se não fizeres isto desta forma és punido" não é obrigar na mesma?

17º - Como aconteceu o ponto 12, decide-se que pagam todos, mas estas 3 estradas começam já e as outras daqui a meio ano.

18º - Como essa treta do identificador já não é obrigatório, também a ides pagar a peso de ouro, custa 27 euros, e é se queres ter direito a isenções, descontos e à não cobrança das penalizações.
Há, e só serve para pagar nas faixas da via verde das auto-estradas dignas desse nome, daqui a meio ano.
NOTA
Diz o governo "Assim já não é obrigatório, já podemos cobrar o aparelho"
Os moradores da zona têm direito a isenções e descontos, MAS só se comprarem um dispositivo electrónico de matricula que custa 27 euros e te obriga a ter um contrato com uma empresa de cobrança de portagens.
Só depende da definição de obrigatório.

Vamos ver como será este circo daqui para a frente...